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MINICURSOS

Introdução à semântica do acontecimento
Gabriel Machiaveli (doutorando PPGL-UFSCar)

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O presente minicurso tem o propósito de compartilhar uma teoria pouco estudada nos quadros teóricos da enunciação. Trata-se da Semântica do Acontecimento, cunhada pelo linguista brasileiro Eduardo Guimarães (2002; 2007; 2011; 2018). Em um primeiro momento iremos abordar os conceitos de semântica e enunciação à luz da teoria supracitada e depois oferecer um corpus retirado da internet para análise. Nosso objetivo central é expor suas bases teóricas e seus conceitos principais. Pretendemos, neste minicurso, contribuir para o ensino de Semântica para alunos da graduação e também para alunos de pós-graduação. A enunciação, para Guimarães (2002), é um acontecimento que temporaliza. Deste modo, trabalharemos com os conceitos de espaço de enunciação (espaços que distribuem desigualmente as línguas entre os falantes), cena enunciativa (os lugares específicos dos espaços de enunciação, em que se encontram as figuras da enunciação) e com o Domínio Semântico de Determinação (DSD) (Ibid., 2002; 2007; 2011; 2013; 2018).

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Os imperativos no Português Brasileiro na interface da Sintaxe, Semântica e Pragmática
Yan Masetto Nicolai (doutorando PPGL-UFSCar)

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O presente minicurso tem como objetivo tratar do fenômeno dos imperativos em português brasileiro. No campo sintático, apresentaremos o comportamento dos imperativos quando em usados em conjunto com os advérbios modalizadores, como tratado por Tescari Neto (2008) e que não existe em português brasileiro apenas uma forma, tida como canônica, como dadas por gramáticas (CUNHA & CINTRA, 1985; ALMEIDA, 1995; BECHARA, 2009), mas sim há também locuções imperativas: ‘Trata de’, ‘Deixa de’, ‘Para de’, ‘Pode’, ‘Nem pensa em’ e ‘Nem me vem com (essa de)’. No campo semântico, após apresentação da formalização dos imperativos, vislumbraremos e discutiremos duas formas que são usadas em conjunto a eles: as ILCs (imperative-like conditionals) e ILUs (imperative-like ultimatum), como lidam Jary & Kissine (2014). Sob a perspectiva pragmática, apontaremos que os imperativos são sentenças que, através do Ato de Fala diretivo (OLIVEIRA, 1996), engajam seus ouvintes (ou addressee – Ad). Proporemos dois princípios de interpretação para compreendê-los. Ao final, conectaremos todos os aspectos trazidos dentro dos três campos, discutindo as partes relevantes, as falhas e as formas de adequá-las à nossa proposta de interface teórica.

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O ensino de Língua Portuguesa no Brasil: renovando as práticas
Marina Totina de Aleida Lara (doutoranda FCLar-Unesp)

Tamires Costa e Silva Mielo (doutoranda FCLar-Unesp)

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A partir da década de 80, muitos estudos, desenvolvidos por linguistas, passam a ser apresentados discutindo o ensino de Língua Portuguesa no Brasil. Esses discursos foram incorporados pelos documentos oficiais (LDB, PCN, PNLD, BNCC) e hoje suas interpretações embasam as práticas de ensino-aprendizagem nos espaços escolares e os materiais de apoio pedagógico. Diante desse cenário, o objetivo desse minicurso é, a partir de diferentes perspectivas teórico-metodológicas, refletir sobre as configurações de ensino presentes no Brasil, além de apresentar possíveis caminhos para o desenvolvimento do trabalho com a linguagem. Procuraremos responder os seguintes questionamentos: 1) o que tem sido feito e como tem sido feito em relação ao ensino de língua materna quanto à leitura, escrita e metalinguagem? 2) como estudos linguísticos podem contribuir para o trabalho em sala de aula? O curso terá início com questões teóricas de viés bakhtiniano e também sociolinguístico, os quais sustentam os documentos oficiais nacionais, para então serem desenvolvidas análises de materiais didáticos que circulam no Brasil, tanto na rede pública, quanto particular. O curso será dividido em duas falas complementares: uma cujo objetivo é pensar, de maneira mais específica, no atual modelo de ensino de produção textual, e outra voltada para o trabalho com a gramática da Língua Portuguesa em sala de aula. Olhando para os livros didáticos, problematizaremos antigas, mas ainda presentes, práticas de ensino, pensando de que maneira essas práticas se concretizam na sala de aula e quais os seus efeitos, e apontaremos caminhos para que possamos estabelecer pontes entre os conteúdos escolares e a vida, de modo que a escolarização, inevitável nesse contexto institucional, não seja um processo fechado e isolado do corpo social. Será possível observar que, por mais que os estudos linguísticos já tenham chegado até os documentos oficiais, colocá-los em prática no contexto escolar extrapola sua presença apenas nos discursos e exige o estabelecimento de novas práticas com a linguagem.

 


Nanossintaxe: fundamentos e regras para a derivação da hierarquia funcional da sentença
Letícia Thayse Ferreira (doutoranda PPFL-UFSCar)

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Nos últimos 30 anos, temos observado em linguística uma série de cisões dos domínios funcionais sintáticos tradicionais CP-IP-VP-DP (Pollock, 1989; Cinque, 1999; Ramchand, 2008). Nesse quadro, o modelo de arquitetura da gramática denominado Nanossintaxe (Starke, 2011) leva a explosão funcional a um extremo, propondo que a natureza dos blocos de composição linguística seja submorfêmica, ou seja, muito menor do que se supunha originalmente. Esse modelo parte da premissa de que a sintaxe não é apenas um modo de organizar um léxico ativo em estruturas complexas. Na Nanossintaxe, o léxico é, na verdade, um componente pós-sintático que atua como um repositório de informações ou construídas em outros módulos da gramática ou relacionadas a princípios cognitivos mais gerais tais como a memória. Nesse sentido, para autores como Starke (2009) e Pantcheva (2011), a sintaxe é o único e verdadeiro componente gerativo da gramática, sendo responsável por construir morfemas, palavras, sintagmas e sentenças utilizando um mesmo conjunto de regras. A proposição de regras rígidas que se impõem sobre a hierarquia funcional universal (f-seq) é, certamente, a contribuição mais original da Nanossintaxe à teoria sintática, pois limita e restringe as possíveis combinações de estruturas funcionais cada vez maiores. Ou seja, o modelo evita a sobregeração de estruturas. Dado esse quadro e considerando o fato de que o modelo em questão é ainda pouco explorado no Brasil, o objetivo deste curso é oferecer uma introdução aos principais pressupostos teórico-metodológicos da Nanossintaxe. Serão abordados em um primeiro momento o quadro teórico mais amplo do modelo, seus fundamentos, arquitetura e regras de derivação e, posteriormente, serão demonstradas as principais vantagens e desvantagens em explorar a Nanossintaxe para a explicação dos mais diversos fenômenos linguísticos, tais como os sincretismos e as alternâncias verbais.

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Introdução as línguas indígenas na Ameríndia

João Paulo Ribeiro (doutorando PPGL-UFSCar)

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Introdução as línguas indígenas na Ameríndia é uma proposta de mostrar um pouquinho da diversidade linguística no continente tendo como foco uma iniciação ao conhecimento de línguas da família tupi-guarani, principalmente o Guarani (mbya) e o Nheengatu (noroeste amazônico). Junto a elementos de gramática, abordaremos questões cosmológicas que levem em conta a reflexão sobre uma metodologia de ensino de línguas indígenas que seja compatível com a poética indígena de manejo de mundo.

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Parentetizacão: uma breve introdução funcionalista

Diogo Oliveira da Silva (mestrando PPGL-UFSCar)

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O minicurso tem como proposta apresentar uma base introdutória sobre as parentetizações, presentes nos enunciados, analisando seu funcionamento pelo viés da perspectiva textual interativa e seus conceitos funcionais, e também com o suporte da gramática discursivo-funcional, englobando os níveis interpessoal, representacional e morfossintático dessas estruturas tratadas como frases hóspedes, e como breves desvios ao texto (e contexto) corrente nas sentenças linguísticas. Contaremos com o apoio da obra de Clélia Jubran sobre os fenômenos e definições da parentetização para exemplificar esses eventos contextualizados na língua portuguesa, utilizando o corpus da língua portuguesa falada, na variedade portuguesa e brasileira, principalmente, mostrando aos alunos ouvintes do minicurso como essas estruturas são emolduradas e ativas em nossa língua.

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Práticas de elaboração de questionários e entrevistas
Roger Alfredo de Marci Rodrigues Antunes (doutorando PPGL-UFSCar)

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O presente minicurso destina-se ao pesquisador iniciante, de qualquer uma das linhas do PPGL, que necessita realizar uma pesquisa, quantitativa ou qualitativa, cujos dados são extraídos por meio de questionários e entrevistas. Discutiremos, de forma básica, a metodologia da ciência, no que concerne ao acesso ao corpus linguístico. Será estimulada a elaboração de questionários e entrevistas que contemplem diversos níveis de análise linguística (fonético, … , semântico, pragmático, discursivo, etc..). Esperar-se-á que os participantes dessa oficina estejam hábeis a elaborar com mais facilidade seus próprios questionários.

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Discurso, Mídias e a divulgação científica na contemporaneidade: o Podcast como veículo de democratização da Ciência para além da Universidade
Mariana Morales da Silva (doutoranda PPGL-UFSCar)
Lílian Pereira de Carvalho (doutoranda PPGL-UFSCar)
Francisco de Menezes Cavalcante Sassi (mestrando PPGGEv-UFSCar)

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Estudiosos do discurso, em suas diversas perspectivas e abordagens, compreendem a linguagem como não transparente, opaca e atravessada por vários discursos e formações ideológicas (PÊCHEUX, 2009). Nesse sentido, entende-se que a linguagem serve, ao mesmo tempo, para comunicar e para não-comunicar (GNERRE, 1998). Dominar a linguagem é sinônimo de poder, ao transitar e manipular tanto escrita quanto fala em seus gêneros discursivos (BAKHTIN, 2015) e cenografias (MAINGUENEAU, 2015), o sujeito é capaz de percorrer essa imensa Torre de Babel, constituída pelas múltiplas e conflitantes variações linguísticas (BAGNO, 2015). Porém alguns discursos se encontram mais cristalizados que outros, enrijecidos e muitas vezes intransponíveis para sujeitos que não partilham do mesmo lugar sócio-discursivo-ideológico. Um desses casos, é o do discurso acadêmico. A linguagem acadêmica sedimentada em normas, regras, métodos e vocabulário extremamente específico, é utilizada como um dos principais meios de validação do rigor científico da pesquisa. Como resultado, encontra-se com a multiplicação de Trabalhos de Conclusão de Curso, monografias, Dissertações, Teses e artigos científicos incompreensíveis para a comunidade externa às Universidades ou mesmo para outras áreas dentro da Academia. Esse efeito leva muitas das pesquisas a circularem unicamente dentro de seus subgrupos, para seus próprios pares, sem atingir ou alcançar a sociedade. Coloca-se, assim como questão, reforçada nos últimos atos e manifestações em defesa da Universidade pública e da pesquisa no Brasil: como é possível construir um conhecimento científico consistente, que se baseia em métodos e rigores acadêmicos, que seja acessível e possível de circular para além da Academia? Defende-se que a pesquisa e o trabalho com a divulgação científica na relação com as ferramentas e suportes que as novas Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) proporcionam, abrem um vasto campo de pesquisa, atuação e possibilidades para esse conflito. Sendo assim, objetiva-se abordar, neste minicurso, em uma perspectiva discursiva, questões relativas à escrita acadêmica, função e atuação da divulgação científica, mídias e usos de ferramentas tecnológicas de comunicação. Para tanto, com enfoque no veículo de mídia Podcast, serão abordados aspectos do discurso da escrita e da oralidade (TFOUNI, 2006), letramento digital (SCOLARI, 2016), usos e manipulação de ferramentas, aplicativos e softwares de produção e edição de conteúdo digital como DiscordApp, Craig, Audacity, dentre outros, tendo em vista apresentar uma possibilidade digital bastante contemporânea para a democratização do discurso da Ciência no Brasil.

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Por que observar pessoas? - procedimentos metodológicos de base etnográfica em Linguística Aplicada e seus campos adjacentes
Giovana N. Milozo (doutoranda PPGL-UFSCar)
Julio C. Ribeiro dos Santos (doutorando PPGL-UFSCar)

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No célebre artigo de 1992, Holmes assevera a Pós-modernidade como condição apriorística para a emergência de novos objetos de pesquisa e suas implicações no desenvolvimento de metodologias alternativas ao “Modelo Científico” (Hitchcock and Hughes, 1989): as pesquisas qualitativas ou modelo interpretativo. Oficina ou minicurso? O nosso intento é prover (e sermos providos de) subsídios metodológicos relevantes para pesquisadores na área de linguística aplicada, muito embora não nos restrinjamos a esse interlocutor. Em sua primeira parte, a atividade estrutura-se na compreensão do modelo qualitativo com ênfase à base etnográfica (e netnográfica); posteriormente, apresentaremos alguns dos mais diversos procedimentos metodológicos para a coleta de registro. Faz parte do nosso objetivo também prover instruções de elaboração de termo de consentimento livre e esclarecido e também a orientação de submissão de projetos para o Comitê de Ética.

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